“Aquele que estuda medicina sem livros está navegando em um mar desconhecido, mas aquele que estuda medicina sem pacientes sequer está chegando ao mar”. Esta frase foi dita por William Osler, um dos pais da especialização que ficou conhecida como residência médica. A residência é um regime de ensino de medicina que foi desenvolvido nos Estados Unidos em 1889 por William Halsted.
Os primórdios
A época de Halsted foi um tempo em que a medicina conseguia frequentes descobertas e conquistas, principalmente com o desenvolvimento de anestesias que possibilitaram a multiplicação dos procedimentos cirúrgicos. Inspirado por ideias europeias, Halsted criou uma modalidade para treinamento de jovens cirurgiões onde os estudantes aprendiam na prática, na sala de cirurgia. Além disso, os novos médicos ficavam por quase 24 horas por dia à disposição dos procedimentos, portanto, era como se, de fato, residissem no hospital. Daí que surge o termo residência médica.
As residências àquela época duravam cerca de seis anos. Outra figura importante na história da residência médica é o também estadunidense William Osler. O cirurgião criou no hospital John Hopkins um programa de treinamento em que na sala de cirurgia ficavam alguns internos em uma espécie de auditório (os mais novatos), enquanto dois ou três residentes auxiliavam no procedimento cirúrgico.
Este modelo de residência médica mostrava grande aproveitamento por parte dos estudantes, que aprendiam de forma mais eficaz sobre os conhecimentos da cirurgia, mas devido à vida quase reclusa que estes profissionais tinham que levar durante alguns anos no hospital, nas primeiras décadas não eram todos os médicos formandos que aderiram à nova forma de se aprender uma especialidade na prática.
O cenário começou a mudar com o reconhecimento da residência médica por parte American Medical Association, em 1927. Com caráter regulador, o AMA começou a aceitar os novos programas de residência e classificou a residência como padrão-ouro para treinamento médico em especialidades.
Residência médica no Brasil
Aqui no Brasil, o primeiro programa de residência médica foi criado em 1945 no Serviço de Ortopedia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Ainda na década de 1940, surgem no Rio de Janeiro e em outras cidades mais alguns programas de residência em cirurgia, pediatria e clínica médica. Nesse tempo, o treinamento ainda era pouco procurado pelos profissionais recém-formados, mas essa situação mudou a partir da década de 1970.
O Decreto nº 80.281 de 5 de setembro de 1977 instituiu a residência médica como procedimento formal de pós-graduação em medicina, criando ainda a Comissão Nacional de Residência Médica para fiscalizar e regulamentar estes treinamentos. Com a exigência de se fazer residência para a obtenção do grau de especialista, o procedimento de residência passou a ser realizado por milhares de profissionais.
Hoje em dia, o cenário da Residência tanto no Brasil como internacionalmente é mais organizado. Os residentes recebem bolsa, férias remuneradas, condições dignas de trabalho, além de poder contar com processos seletivos realizados com rigor e fiscalização. Conquistas para os médicos, para a medicina e para os pacientes.
Essas e outras conquistas da medicina merecem ser lembrados no dia 18 de outubro, o Dia do Médico. Os avanços descobertos pelos médicos ajudaram a mudar a história da ciência e da humanidade há mais de um milênio. Portanto, comemore o seu dia, médico, você ajuda a fazer uma humanidade melhor.