O desenvolvimento científico e tecnológico proporciona inúmeros avanços à medicina. É um assunto atual, que está na pauta do Conselho Federal de Medicina e Conselho Regional de Medicina (CRM), especialmente quanto aos impactos sociais e éticos.
No passado, o médico enfrentava muitas dificuldades para fazer um diagnóstico preciso e garantir o melhor tratamento aos pacientes. Cirurgia, então, somente em casos extremos, porque não havia anestesia, nem meios eficientes para submeter um paciente a terapias intensivas.
O contexto atual é melhor com relação aos procedimentos médicos, especialmente os cirúrgicos; porque há equipamentos modernos, procedimentos e medicações mais avançadas. Aparelhos de tomografia, ressonância magnética, transplante de órgãos e medula óssea, quimioterapia, radioterapia, implantes, marca-passo para pacientes cardíacos e muitos outros avanços que proporcionam melhores condições ao exercício da medicina.
Os avanços científicos e tecnológicos proporcionaram e continuando trazendo inúmeros benefícios à medicina e, claro, aos pacientes. Para a medicina contemporânea, as inovações são contínuas. O maior desafio, hoje, é garantir o acesso aos benefícios que a tecnologia garante aos médicos e pacientes, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS).
A primeira vacina (contra a varíola) foi criada por Edward Jenner, em 1796. Roberto Koch, Louis Pasteur e Joseph Lister desenvolveram as bases da microbiologia. Em 1895, o físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen descobriu os raios-X. Isto possibilitou a análise de órgãos internos do corpo, facilitando o diagnóstico de fraturas ósseas e tumores de câncer.
O fisiologista holandês, Willem Einthoven inventou o eletrocardiógrafo, aparelho que registra a atividade elétrica dos músculos do coração. Com este equipamento, médicos passaram a ter melhores condições para monitorar problemas cardíacos.
A descoberta de substâncias que anestesiam dores intensas, em meados do século 19, representou outro avanço para a medicina. Antes, procedimentos cirúrgicos só eram realizados em casos extremos, como as amputações.
Com a evolução da anestesia, as operações médicas tornaram-se mais comuns. Sem contar que a medicina moderna conta com equipamentos que monitoram o estado geral do paciente durante todo o processo de anestesia.
A invenção de cateteres possibilitou a drenagem de fluidos e a aplicação de medicamentos. Na década de 70, com o desenvolvimento de endoscópios flexíveis mais um passo importante foi dado – com esta tecnologia médicos passaram a realizar a cirurgia laparoscópica, procedimento comum para operações de hérnias e vesículas, por exemplo.
Com o desenvolvimento da máquina coração-pulmão houve condições para manter a circulação sanguínea enquanto se realizava uma cirurgia do coração parado. O avanço da tecnologia permitiu o desenvolvimento de prótese e órteses, que melhoram a qualidade de vida de pessoas portadoras de necessidades especiais, vítimas de acidentes que perderam braços e pernas. Modelos mais sofisticados podem ser controlados através de chip.
A medicina, hoje, também conta com a possibilidade de utilizar “órgãos artificiais”, os quais podem prolongar a vida de paciente que aguarda o transplante. A hemodiálise, que desempenha a função dos rins, é um exemplo da importância do avanço científico e tecnológico para a medicina. O “rim artificial” foi testado pela primeira vez, em 1913, pelo cientista Willem Kolff.
Ao longo do tempo, o CRM foi obrigado a se adaptar a essas mudanças tecnológicas. No entanto, o que a classe médica sempre reclama, é que os avanços tecnológicos são sempre mais ágeis do que a posição do CRM.
Ao longo do tempo, tecnologias foram desenvolvidas como aparelhos de mamografia, ressonância magnética, tomografia, ultrassonografia, eletrocardiograma, controle remoto de pacientes. Já existe também um chip que permite avaliar a pressão intracraniana de um paciente sem a necessidade de cortes na cabeça.
O impacto da internet também foi positivo para a medicina. Plataformas de prontuários eletrônicos otimizam o atendimento. Exames e laudos médicos podem ser enviados pela internet, o que reduz custos com a impressão. A telemedicina não substitui a consulta médica, mas, em algumas situações, é necessária. A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que a telemedicina é uma necessidade quando a distância dificulta ou inviabiliza a assistência médica.
No Brasil, a regulamentação é parcial. Há portarias do Ministério da Saúde que dispõem sobre programas de telemedicina no SUS, especialmente na rede de atenção básica. O Conselho de Medicina (CRM) também publicou resoluções estabelecendo alguns limites éticos e técnicos para e-health.
Através das videoconferências, uma equipe médica pode interagir com outra, durante a realização de uma cirurgia ou quando há dúvidas quanto ao diagnóstico, por exemplo. Com a telemedicina, médicos podem, mesmo a distância, trocar informações e experiências sobre o diagnóstico e prescrição de tratamentos com especialistas.
No centro cirúrgico, é possível instalar um telão, com painéis que são comandados pelo médico através de gestos com as mãos. Com isto, o médico não precisa se distanciar da mesa de operação para checar as informações do paciente, a grade cirúrgica e outros dados importantes.
Outro exemplo de inovações tecnológicas são os beacons, que são aparelhos capazes de emitir informações de prontuários médicos eletrônicos aos smartphones e tablets cadastrados, com a ativação do Bluetooth. Isto evitaria erros no processo de comunicação e compartilhamento de dados entre médicos e enfermeiros. Agulhas em exames de sangue também estão com os dias contados. Há estudos sobre o uso de eletrodos digitais para coletar informações sobre o paciente e enviá-las automaticamente ao prontuário eletrônico.
De acordo com a Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (ABIIS) existem mais de 500 mil tecnologias na área médica. O conhecimento chegou a tal ponto que é possível identificar a propensão que pacientes têm a determinadas doenças e, com isso, antecipar procedimentos médicos.
Tecnologia é investimento que se traduz em ganhos a médio e longo prazo. A utilização de recursos modernos garante maior resolutividade à medicina, aumenta a produtividade, humaniza o atendimento, reduz gastos com exames, medicamentos e tratamentos. A rede privada incorpora mais rapidamente as inovações tecnológicas. O sistema público caminha a passos mais lentos e os investimentos, na maioria das cidades, não são suficientes para atender a demanda, o que causa enormes filas de espera por consultas, exames, tratamentos, cirurgias.
A nanotecnologia, área que estuda a combinação de átomos e moléculas para melhorar o desenvolvimento de materiais, traz benefícios à medicina. A nanomedicina tem três grandes vertentes – nanomateriais para diagnóstico; nanomateriais para medicina regenerativa e nanomateriais para terapia.
Biossensores (detectam proteínas, enzimas ou metabólitos) e genosensores (analisam a sequência do DNA) são dispositivos eletrônicos que inovaram os diagnósticos de várias doenças. Nanopartículas superparamagnéticas de óxido de ferro possibilitam o contraste nas imagens de Ressonância Magnética, o que facilita a identificação de pequenos tumores.
A utilização de sensores retinianos melhoram a visão. Estimuladores cerebrais podem combater doenças degenerativas. Desfibriladores portáteis são utilizados para regularizar o fluxo cardíaco. A nanotecnologia também é aplicada em tratamentos para a regeneração ou reparação de tecidos e ossos do corpo humano.
Outras tecnologias, ainda em fase de testes, no futuro farão parte da rotina médica. Os chamados “nanorrobôs” estão entre as inovações que serão aplicadas no combate a patógenos que atacam o nosso organismo. Genes poderão ser alterados para interromper a transmissão de doenças congênitas.
Um processo conhecido como Smart Drug Delivery foi desenvolvido graças à nanotecnologia. Neste processo, nanocápsulas contendo determinados medicamentos são orientadas ao alvo, como a região onde existe um tumor, por exemplo; liberam a droga e controlam o efeito do medicamento pelo tempo necessário sem que o paciente tenha que ser medicado diariamente.
Nos Estados Unidos, procedimentos cirúrgicos com o auxílio de braços robóticos são realizados deste 1990. No Brasil, a tecnologia foi introduzida apenas em 2008. O atraso deve-se ao alto custo da tecnologia e falta de profissionais qualificados para operar os robôs.
O uso de robôs para tratar problemas cardíacos e cerebrais, por exemplo, é realidade em alguns centros médicos do país. Com o robô Da Vinci é possível ampliar imagens em 15 vezes e ter uma visão tridimensional da parte do corpo onde será realizada a operação.
Com instrumentos cirúrgicos acoplados, o braço robótico é capaz de realizar vários procedimentos previamente programados, como se fossem os próprios braços e mãos do médico.
A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear foi fundada em 1961. Passados 55 anos, o setor ainda enfrenta dificuldades para se expandir, com aproximadamente 700 médicos especialistas. Não faz parte da grade curricular de inúmeras faculdades nem dos programas de residência médica.
De acordo com o Ministério de Educação (MEC) há cerca de 21 programas de residência em medicina nuclear credenciados, com um total de 53 vagas (dados de 2014), sendo que a maior parte está concentrada na região Sudeste.
Apesar disso, o Brasil ocupa a 25ª posição no ranking mundial de exames realizados anualmente nesta especialidade. Segundo a SBMN, o país possui um parque de equipamentos (com a tecnologia PET – CT, que sobrepõe imagens anatômicas e funcionais) com capacidade para atender a demanda de pacientes da rede pública.
O CRM também prevê regras relativas à reprodução humana assistida. O novo Código de Ética Médica demonstra a preocupação com os avanços científicos, tecnológicos e os impactos sociais e éticos. O texto aborda, pela primeira vez, a terapia genética. Proíbe a eugenia, ou seja, a escolha do sexo de embriões. Mas permite a modificação genética de células somáticas para evitar o desenvolvimento de algumas doenças. Outra disposição do novo Código diz respeito à distanásia, prolongamento artificial do processo de morte, sem perspectivas de melhora ou cura.
Como se percebe, os avanços científicos e tecnológicos tem um impacto muito positivo para a medicina. Por isso, profissionais do setor e gestores devem acompanhar as tendências e inovações e se preparar para aplicar conhecimentos e tecnologias para melhorar a assistência prestada à população.
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