Médicos de todas as especialidades encontram todo tipo de dificuldade em campo, mas o que mais há em comum entre todos eles é o desafio de trabalhar no Sistema Único de Saúde – o SUS.
Diariamente, profissionais de saúde tem que enfrentar problemas de infraestrutura, superlotação e equipamentos precários em hospitais públicos. Ainda assim, muitos médicos escolhem trabalhar integralmente no SUS e dedicar suas carreiras ao auxílio das pessoas mais necessitadas. É válido para todos, porém, tanto na área pública quanto particular, reconhecer os desafios enfrentados por esses médicos e sua importância para os brasileiros.
Há uma grande variedade de profissionais de saúde espalhados por todo canto do país, mas algumas pesquisas foram realizadas para traçar um mapa de seus perfis. Por exemplo, o Conselho Federal de Medicina e o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) fez um levantamento indicando que no Brasil há uma presença 3,9 vezes maior de médicos na rede privada do que na pública. Regionalmente, esse número cai para 2,31 no Sudeste, mas chega a 6,77 no Nordeste. Ou seja, fica claro que um dos problemas encontrados no SUS vem justamente da falta de profissionais disponíveis, o que causa um grande acúmulo de trabalho para os que estão lá.
O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) também fez pesquisas, vendo pelo ponto de vista dos usuários. A maioria concordou que falta de médicos é o problema mais grave do sistema público, seguido pela demora para ser atendido e demora para conseguir marcar uma consulta com um especialista. Isso engloba a falta de funcionários em todas as áreas e afeta o médico que precisa lidar com erros de agendamento, horas extras e pacientes irritados.
Mas a hora é de olhar o futuro e o instituto SIMERS levantou dados sobre os jovens médicos e suas escolhas de carreira. Surpreendentemente, descobriram que 40,1% dos profissionais de até 35 anos atuam exclusivamente no SUS, contra 18,7% que trabalham apenas no setor privado. Na hipótese de salários e condições iguais tanto no público quanto no privado, 58,2% optariam por trabalhar no público.
Ou seja, conforme os anos passam, o perfil do médico muda. Recém-formados podem criar uma grande mudança se continuarem por escolher atuar mais no SUS, diminuindo uma grande parte do problema. Mas é claro que isso só pode acontecer se os outros aspectos do sistema público forem melhorados.
Há uma sequência de fatores que fazem com que muitos médicos enfrentem dificuldades ao atuar no SUS, e que causam, inclusive, certo receio. O maior deles é, claro, a falta de recursos disponibilizados para a área pública, seja por conta da economia do país, seja por conta de corrupção e desvio de verba.
A infraestrutura é precária em muitas das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e postos de saúde, o que inclui falta de acomodamento para internação e para pronto-socorro, falta de equipamento adequado e falta de medicamento. Nesses casos, o médico deve orientar o paciente a retornar para o atendimento e tentar agendar exames e consultas nas unidades que possuem o necessário. Isso inclui colocar pacientes em filas de espera por exames e cirurgias. O médico fica limitado dentro das possibilidades de onde trabalha, mas também acaba aprendendo a “driblar” essas falhas de infraestrutura para providenciar atendimento correto para quem precisa.
Outro ponto a ser levantado é a possível presença de situações de violência no cotidiano do médico. É verdade que isso pode acontecer em qualquer situação, mas há uma reincidência maior no sistema público, em grande parte por culpa da irritação e exaustão dos pacientes depois de aguardarem durante meses por uma consulta ou exame. Em situações de possível risco, os profissionais devem ficar atentos para alterações durante as consultas e agir de maneira calma e complacente, bem como se dirigindo à segurança do local, se possível.
Outras grandes reclamações vindas dos servidores públicos é o salário mais baixo, plantões demais, acúmulo de vínculos empregatícios para completar a renda, entre alguns outros.
Há quem veja os médicos do sistema público como heróis. Realmente não é simples aguentar tantos transtornos e ainda seguir atendendo, mas é sem sombra de dúvidas o lugar em que a população mais precisa de atendimento.
Grande parte da recompensa pode vir pelo simples fato de estar ajudando e se colocando à disposição de quem não pode pagar por um convênio particular, mas além disso, também é uma ajuda ao próprio sistema. Quando uma UBS, por exemplo, tem o número suficiente de médicos, metade dos problemas diminuem. Isso sem contar que a união da categoria pode ser decisiva para conseguir respostas com o governo no futuro.
Achou o post interessante? Não se esqueça de ver o resto do nosso blog!
Aceite os cookies para prosseguir
Saiba mais
Leave a Comment