Após o Ministério da Saúde instituir a portaria nº 467/20 para uso de telemedicina em quaisquer áreas da saúde enquanto houver a declaração de emergência de saúde pública ocasionada pela COVID-19, foi retomado o debate sobre a ampliação da utilização desta tecnologia.
Neste artigo, iremos destacar a contribuição que a modalidade de suporte médico à distância pode trazer à otimização dos atendimentos de baixa complexidade.
O Sistema de Saúde no Brasil estruturou os atendimentos de forma hierárquica, por níveis de complexidade. Dessa maneira, a prioridade sempre será para os casos de maior urgência.
Ainda, pensando nessa proposta, os casos de baixa complexidade, então, não deveriam concorrer com os casos de alta complexidade, mas sim serem resolvidos antes de se agravarem ou demandarem atendimento urgente.
Contudo, são justamente os casos de baixa complexidade que demandam uma grande necessidade de diagnósticos por especialistas, que muitas vezes está em falta naquela determinada região. Isso acaba gerando demora no atendimento pela necessidade de encaminhamento do paciente.
Segundo a Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde (CaSAPS) elaborada pelo Ministério da Saúde brasileiro, são considerados atendimentos de baixa complexidade:
Um dos principais problemas no atendimento à saúde básica é a ausência de profissionais de saúde especializados na região, que dificulta a interpretação de laudos dos exames realizados pelo paciente e pouco acesso ao atendimento.
Assim, é necessário que ele seja encaminhado para centros de saúde destinados aos atendimentos de média ou alta complexidade apenas para que o seu diagnóstico seja confirmado, criando uma demanda a qual essas unidades não deveriam atender.
Em consequência disso, os casos de maior urgência precisam dividir a mesma atenção dos quadros mais simples, dificultando a sua priorização e o acesso aos atendimento médico especializado.
De acordo com levantamento recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o brasileiro percorre, em média, cerca de 72 km para receber atendimento médico básico em serviços de saúde e 155 km para realizar cirurgias e procedimento de alta complexidade.
Assim, pela observação dessas estatísticas, é possível perceber o tamanho do gargalo que existente e a necessidade de rever e desenvolver estratégias para ampliar e otimizar a oferta da saúde básica para a população.
Neste sentido, a telemedicina surge como um importante recurso para promover a diminuição da demanda de pacientes para os centros especializados. Essa modalidade tem o potencial de ultrapassar a escassez de profissionais da saúde em locais remotos.
Ainda, os atendimento médicos à distância já são uma realidade em diferentes lugares do mundo, tais como, EUA, Japão, Índia, China, Portugal e Inglaterra. Nestes locais, os resultados são satisfatórios, pois perceberam o aumento do acesso à saúde pela população.
Além disso, outros benefícios da telemedicina podem ser alcançados na atenção primária. A seguir, falaremos mais sobre eles.
A emissão de laudos à distância já é uma realidade, inclusive, no Brasil. Por meio de plataformas digitais, o exame é realizado presencialmente em clínicas ou hospitais próximos ao paciente e laudado por especialistas renomados via internet.
Posteriormente, os exames são avaliados e encaminhados digitalmente. Entre os mais realizados estão a mamografia, raio-X, tomografia, ECG, EEG, espirometria, acuidade visual, ressonância magnética, MAPA e holter.
Os serviços de telemedicina permite que o indivíduo se consulte com um profissional de saúde por meio digital, sendo mais prático e cômodo para ele. Esse é um benefício ainda maior para idosos ou pessoas que tenham problemas de locomoção.
Quanto à segurança, ela existe não só no que diz respeito ao sigilo das informações, mas também para a saúde física do paciente. Isso é possível, principalmente, quando a consulta é realizada por um software médico de confiança, integrado ao prontuário eletrônico.
Em razão da pandemia do COVID-19 e a consequente necessidade de isolamento social, a telemedicina garante à manutenção dos serviços de saúde. Por isso, o Ministério da Saúde criou a portaria nº 467/20, ampliando a autorização para o uso desta modalidade.
A principal causa dos gargalos de atendimento na saúde básica é a pouca disponibilidade de profissionais em determinadas áreas, um problema que é facilmente resolvido com o suporte médico à distância. A telemedicina possibilita um maior número de acesso e uma maior qualidade na atenção à saúde básica.
A modalidade de atendimento à distância também promove a melhora na qualidade da oferta de serviços ao proporcionar a troca de conhecimentos entre especialistas e generalistas com diferentes níveis de experiência na prática médica.
Além disso, nas áreas remotas e rurais, onde tradicionalmente existe uma menor oferta de profissionais de saúde, o contato com especialistas permite que o médico local amplie a qualidade e a sua capacidade de atendimento.
Outro fator que pode ser alcançado com a telemedicina é o acompanhamento dos pacientes e a maior divulgação de práticas que melhoram o seu estilo de vida. Um exemplo é o envio de alertas sobre a necessidade de buscar um médico ou de retornar a ele. Isso pode ser feito por automações de retorno, disponíveis na própria plataforma.
Como você pode ter percebido, a aplicação da telemedicina permite uma ampliação no número de atendimentos de baixa complexidade, reduzindo a demanda nos centros especializados e melhorando o funcionamento da saúde no Brasil. Posto isso, podemos afirmar que a regularização definitiva da telemedicina é uma questão de tempo.
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