Eu estava cada vez mais insatisfeita.
Foram 11 anos de formação, me graduei na melhor universidade do meu estado, fiz uma das melhores residências de neurocirurgia do país.
Durante minha formação, via meus chefes e amigos com seus consultórios cheios e tinha certeza que era uma questão de tempo até que eu tivesse o meu. Hoje, com mais de 5 anos de mercado, me sinto frustrada profissionalmente.
Apesar de estar em uma cidade onde, aparentemente, mercado não é problema, a agenda do meu consultório está com mais de 70% dos horários vagos.
Tenho uma dificuldade enorme de juntar os pacientes na agenda, pois acabo cedendo e atendendo os pacientes nos horários que pedem para não perder ninguém. Por isso, é muito comum eu passar a manhã inteira no consultório para atender dois ou três pacientes em horários distantes.
Sempre lembro de você, quando dizia que ficava no computador “jogando paciência”, pois já perdeu a sua própria paciência tentando encontrar soluções, sempre em vão (…) .
Você já se sentiu assim? Esse é um e-mail de uma colega que pediu para não ser identificada. Eu já me senti assim. E conheço várias outras pessoas que se sentem assim também.
Na área de saúde, somos treinados para lidar com o sucesso, nunca falamos sobre fracasso. Aprendemos na faculdade que basta ser “bom de serviço” para o consultório ficar lotado, mas o que vemos na prática é o contrário, ou seja, profissionais fantásticos acabam sendo atropelados pelo mercado.
Eu entendo muito bem a situação desses profissionais, também passei por isso. Acreditem ou não, eu já consegui “quebrar” dois consultórios.
Lembro muito bem do meu começo. Me formei na UFMG, fiz residência em Oftalmologia no Hospital São Geraldo (no Hospital das Clínicas da UFMG), um dos melhores do Brasil. Me sentia apto e muito bem preparado para atender meus pacientes e achava que estava pronto para o mercado.
Porém, quando abri meu consultório, foi frustração atrás de frustração.
Eu sentia um peso muito grande na consciência pelo tempo ocioso que tinha na minha agenda. Achava um absurdo eu, um profissional com tão boa formação técnica, passar turnos de braços cruzados no consultório, sem pacientes para atender.
Sempre tive a sensação de que a grama do vizinho estava muito mais verde do que a minha.
Ao longo de 2015, tomei a liberdade de acionar alguns de nossos colegas aqui do C2.0 para tentar entender melhor esse cenário. Afinal, será que só eu tive dificuldades com o crescimento do consultório?
A grama do vizinho é mesmo mais verde?
Para analisar essa situação, elaborei algumas perguntas sobre a rotina de atendimento nos consultórios:
- Há quanto tempo você está atendendo no consultório?
- Quantos horários por semana, hoje, você tem disponíveis para atender no consultório? (Contando com os turnos fechados, que seriam abertos em caso de procura)
- Quantos pacientes você atendeu por semana, em média, nos últimos 3 meses?
É claro que, por ter sido um levantamento rápido, sem muita análise metodológica e estatística, é possível que as minhas conclusões não sejam verdades absolutas, mas servem de parâmetro para a nossa abordagem aqui.
Com a ajuda de vocês, consegui a resposta de quase 190 profissionais. Alguns dos resultados foram esses:
- Mais de 70% dos que responderam têm menos de 45% dos horários ocupados. Nesse grupo, a média de tempo de consultório foi de 7,3 anos.
- 20% dos profissionais que responderam têm entre 45% e 75% dos horários ocupados. A média de tempo de consultório desse grupo foi de 7,1 anos.
- Apenas 10% dos profissionais têm mais de 75% dos horários ocupados.Esse grupo tem, em média, 8,5 anos de consultório.
Além do Planejamento de Negócios, existe uma outra ferramenta muito importante que pode também ajudar que é justamente a Modelagem de Negócios.
Você também ficou chocado com esses números?
O que verifiquei foi que a maior parte dos profissionais de saúde que possui consultório próprio não tem sequer a metade dos horários disponíveis preenchidos.
Também não encontrei uma relação muito grande entre tempo de serviço e lotação do consultório, o que foi uma surpresa para mim.
Vários dos profissionais com mais de 10 anos de consultório tinham menos de 45% dos horários ocupados.
Garantia de sucesso?
O que mais me espanta nessa realidade é o quão contraditória ela é.
Quer dizer, nós sabemos que serviços de saúde são essenciais. Em teoria, a Medicina é a profissão do sucesso garantido. Já no dia a dia, percebemos uma situação de desvalorização da prática médica, não apenas por parte dos governos, mas também pelos convênios e pelos pacientes.
A situação do profissional que presta serviços públicos é extremamente complicada, por conta dos salários baixos que não fazem jus à carga exaustiva de trabalho.
Do outro lado, os grandes convênios são verdadeiras máfias, que credenciam poucos profissionais e pagam valores desproporcionais por consultas e procedimentos, quando não atrasam os pagamentos por meses.
Além disso, são constantes as reclamações sobre os preços das consultas particulares, muitas vezes porque o esforço que o profissional empreende para manter-se atualizado, estudando e renovando seu conhecimento teórico e prático, não é levado em conta.
Ainda, os custos com materiais e manutenção do consultório são quase sempre ignorados.
Por fim, grandes clínicas e conglomerados de consultórios dominam o mercado e concentram serviços, e várias cidades ainda contam com reserva de mercado, o que dificulta a entrada e atuação de profissionais de fora.
Por todos esses fatores, eu caí em uma corrente de pensamento muito negativa, que só me fazia ficar mais chateado com a situação.
Não era possível que todo o meu esforço tivesse sido em vão. Não conseguia imaginar que seria obrigado a trabalhar em serviços que explorariam a minha mão de obra e que eu seria obrigado a ceder, para conseguir me manter, depois de fracassar em todas as minhas inúmeras tentativas de mudança.
Somado a isso, problemas pessoais me tiraram do mercado por um tempo, e, assim, eu perdi 100% dos poucos pacientes que tinha.
Não bastasse as dificuldades que já listei, eu estava novamente da mesma forma de quando tinha acabado de sair da residência, sem nada.
Nunca fui utópico de pensar que seria fácil. Sempre escutamos histórias de sucesso de nossos chefes e de pessoas com um pouco mais de tempo de formação, e sempre vemos o suor e trabalho sendo recompensados no futuro, ainda que distante.
Mas o que ninguém contava que entraria nessa “equação da felicidade” é que o mundo mudaria: a concorrência aumentou, as oportunidades ficaram mais escassas (e, certamente, são diferentes das oportunidades de anos atrás).
A realidade que formou os nossos grandes exemplos profissionais já não é a mesma que nos formou.
A minha grande virada
Minha visão só mudou em uma tarde de sábado, quando comecei a rabiscar no papel as minhas projeções de vida.
Nesse dia, pude perceber que, no ritmo que estava, eu nunca conseguiria alcançar os meus sonhos e objetivos. Meu consultório não tinha um motor de crescimento, o boca-a-boca não era estável, eu era refém de alguns poucos convênios e vários pacientes que me procuravam acabavam não retornando.
A solução que encontrei para o meu problema foi a seguinte: assumi que eu era um péssimo administrador do meu negócio. Você não imagina o quanto me doeu assumir isso.
A verdade é que sempre tive um perfil empreendedor e já tinha aprendido muita coisa com minhas empresas e negócios anteriores, ainda que eles não tivessem nada a ver com Medicina.
Mas eu precisava de mais. Queria ter um consultório rentável, queria poder viver apenas da minha profissão. Por isso, corri atrás de conhecimento e formação gerencial.
Foram mais de R$40.000,00 investidos em cursos de empreendedorismo, mercado digital, tratamento ao cliente, e incontáveis horas investidas em estudo de assuntos que não são tradicionais do nosso meio: planejamento estratégico, visão de mercado, cultura e processos empresariais, marketing e comercial, finanças, contabilidade, inteligência de mercado, etc.
Conheci pessoas fantásticas, corri atrás dos melhores profissionais de cada área e mudei meu mindset, meu pensamento. Fui agrupando as dicas mais valiosas e consegui chegar em um método que tinha tudo para dar certo.
Afinal, esse mesmo método já tinha funcionado para várias outras pessoas, que montaram negócios milionários da mesma forma. Tinha chegado a hora de testar, na prática, como isso funcionaria.
Na prática
Em três meses eu havia encontrado um caminho que já tinha me dado mais resultado do que tudo o que eu tinha feito até ali.
Em um ano, já tinha recuperado a minha saúde financeira e parei de me enxergar como um pobre coitado.
Depois, ajudei alguns amigos a fazerem o mesmo. E os resultados vieram da mesma forma.
Nos últimos dois anos, com essas mesmas técnicas, ajudei cerca de 120 pessoas a atingirem os mesmos objetivos, com cursos e treinamentos avançados, e outras 15.000 (sim, 15 mil!) com nossos cursos básicos.
Tudo o que passamos até agora nos gerou muito aprendizado! O maior deles, sem dúvida, foi o de entender que um consultório de sucesso deve ser PLANEJADO!
Não estou falando só de planejar o negócio, porque isso é básico, mas é preciso planejar o sucesso do seu empreendimento!
Naquela mesma pesquisa, também perguntei aos nossos colegas do C2.0: quem já possuía um PLANO DE NEGÓCIOS ou um MODELO DE NEGÓCIOS montado para o consultório? As respostas originaram os seguintes números:
- Dos 190 profissionais que responderam à pesquisa, apenas 12 possuíam um PLANO DE NEGÓCIOS ou um MODELO DE NEGÓCIOS documentado do consultório.
- Desses 12, apenas 8 tinham mais de 75% dos horários disponíveis ocupados.
- Os 4 restantes contavam com 45% de ocupação.
Como mostrei ao longo do artigo, planejar é essencial, e é justamente esse conhecimento que queremos passar para quem acompanha o iMedicina!
Com o iMedicina, o objetivo principal é te ajudar a alcançar resultados sólidos e duradouros aí no consultório! Descubra como podemos te ajudar a trilhar seu caminho de sucesso: clique aqui e fale com um de nossos consultores!