Programas de pesquisas para médicos: a importância de participar

A importância de participar dos programas de pesquisa e projetos de medicina

Evidentemente, aos falarmos da importância da participação dos estudantes e profissionais em projetos de medicina voltados para a pesquisa científica, não estaríamos sugerindo que todo profissional de medicina se torne um pesquisador.

Tão importante quanto os projetos de medicina voltados para a pesquisa e desenvolvimento é o exercício do ofício médico no dia a dia, no atendimento às demandas de saúde da população.

O maior poder é o conhecimento

Dizer que conhecimento é poder, é reconhecer o óbvio. Ter plena compreensão do mundo em que vivemos corresponde ao maior poder de todos nos dias atuais.

Em todos os ramos do conhecimento a evolução é permanente, fazendo com que as pessoas sejam obrigadas a se readaptar a novas condições constantemente. A tecnologia é combustível dessa loucura, que, em alguns casos, pode até ser saudável.

O Brasil, nos últimos anos, acordou para a necessidade da pesquisa científica. Desenvolver conhecimento é a melhor forma de ampliar a capacidade produtiva, de produzir bens e serviços de maior qualidade, com maior valor agregado e preço mais compensador. É a melhor forma de reduzir o custo do processo produtivo, elaborar melhores condições de trabalho e proporcionar maior qualidade de vida às pessoas.

Profissionais médicos, dizem as pesquisas, se sentem pressionados pela necessidade de estarem sempre se atualizando, uma das exigências da profissão. Se serve de consolo, é assim com os profissionais de várias outras áreas. É porque alguém sempre dá um novo passo à frente enquanto estamos tentando assimilar o passo anterior, mas somos, para nos mantermos competitivos, obrigados a dar o novo passo. Não é por gosto, mas por sobrevivência.

Por isso, é tão importante que se dissemine a preocupação com a formação científica. Mais que isso, porque a vida não começa na universidade, o ideal é que o pensamento crítico, analítico e investigativo seja incentivado em todos os degraus do aprendizado, inclusive o degrau correspondente ao exercício pleno da profissão, o degrau mais alto do projeto de exercício da profissão da medicina.

Pode não parecer, mas tudo é questão de transformar o gosto pela pesquisa um traço cultural. É assim com o esporte. Países onde a prática esportiva se incorpora ao cotidiano e é incentivada pelo governo e pelas instituições privadas formam mais e melhores atletas. Houve um tempo no Brasil em que se praticava futebol desde o berço, em cada esquina, em cada terreno baldio. Tornamo-nos os melhores do mundo.

Japoneses têm obsessão por pesquisa tecnológica e, por isso, estão no topo do ranking dos países produtores de tecnologia. Imagina se o Brasil tivesse obsessão por desenvolver projetos de medicina, novas terapias, prevenção em saúde…

Tudo isso só pode acontecer se o pensamento for orientado para a pesquisa, de forma que a sociedade gere novos projetos de medicina e saúde, tecnologia de exploração de minérios, educação e indústrias diversas. A tal ponto que o profissional na linha de frente seja capaz de questionar os modelos adotados e até ajudar a melhorá-los.

Invertendo as posições

É preciso chamar a atenção para as vantagens do desenvolvimento da consciência crítica, questionadora e investigativa do profissional de medicina, independentemente de ser o seu futuro ligado à pesquisa ou ao atendimento médico.

Os cursos de medicina municiam os estudantes com informações acerca de diagnósticos, tratamentos, condutas terapêuticas e outros tipos de intervenção. O médico se forma e segue fazendo e participando de cursos, palestras e seminários, sempre na condição de ouvinte, aprendiz, que é uma forma legítima e proveitosa de interagir e lidar com o conhecimento.

O que se está sugerindo é agregar a isso uma nova forma, um jeito novo de se relacionar com a medicina, não mais como um disciplinado aprendiz, mas como alguém que interage com o conhecimento, saindo do papel de receptor e executor para o de estudioso, pesquisador, investigador e, quem sabe, produtor de conhecimento.

Seria, em outras palavras, trocar o papel passivo perante o conhecimento para um papel ativo. Algo como trocar um programa de televisão por um livro. Qual a similaridade? Um programa de televisão vem pronto e acabado. Quando lê um livro, você interage, sua mente cria imagens e, com isso, você desenvolve a imaginação, a criatividade.

Formação científica integrada à formação médica

A questão é tão fundamental para a formação de melhores profissionais que países como Canadá, Inglaterra e Estados Unidos têm feito, no currículo das universidades, a integração entre o ensino médico e a pesquisa científica.

Ao mesmo tempo em que adquire os conhecimentos de medicina, o aluno desenvolve sua capacidade crítica e investigativa, participando de estudos em grupo, pesquisa e projetos de medicina.

Os pesquisadores perceberam que, mesmo aqueles que não seguem o caminho da pesquisa, acabam se tornando verdadeiras lideranças locais. A participação em projetos de medicina em pesquisa desenvolve uma maior capacidade de análise e discernimento, de buscar embasamento para aquilo que se está a expressar e, consequentemente, transmitir mensagens sólidas, críveis e bem fundamentadas, características que contribuem fortemente para a formação de um líder.

A expectativa com relação ao desenvolvimento profissional é que o médico seja capaz de buscar sozinho desenvolver seu conhecimento e se atualizar constantemente, enriquecendo o seu projeto como profissional de medicina e contribuindo para o desenvolvimento da sociedade do conhecimento, a sociedade do futuro que já habita o presente.

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