As plataformas de telemedicina tornam possível a assistência médica remota, assim como emissão de laudos à distância e troca de informações em saúde para pesquisa e melhora dos protocolos. No Brasil, essa prática ainda é uma novidade. Entretanto, alguns países já vêm colhendo os benefícios do seu uso há mais tempo.
Recursos de tecnologia mais avançados ou a grande necessidade de dar assistência médica à população de áreas territoriais mais remotas fez com que esses lugares investissem em processos de saúde mais céleres e com menor custo. Os atendimentos por telemedicina foram então ganhando cada vez mais espaço, legislação própria e desenvolvimento tecnológico que conseguisse abranger tais regiões sem carecer do deslocamento de profissionais e pacientes.
A quebra de barreiras físicas é sem dúvida uma das maiores vantagens da telemedicina. O relacionamento médico – paciente também passa a tomar um novo rumo.
É inegável que esses novos dispositivos têm o poder de aproximar mais o profissional da pessoa acolhida. No entanto, quando utilizados de qualquer maneira passam uma impressão de frieza e descaso.
Umas das principais causas da involução da telemedicina no Brasil é justamente o receio de que um atendimento realizado por uma tela de computador não seja capaz de amparar o paciente devidamente. É por esse motivo que os profissionais, ao optarem por essa modalidade de atendimento precisam ser conscientes.
Como utilizar a telemedicina com responsabilidade
Entenda como você pode adotar essa tecnologia no seu consultório de forma ética e compromissada:
1)Consentimento do paciente
Como se trata de um novo modelo de assistência médica, muitas vezes o paciente pode agendar a consulta sem entender muito bem como funciona. É dever do profissional informá-lo como é o procedimento, o que é necessário para ser realizado e quais os passos o paciente deve seguir.
Não poderá haver dúvidas quanto à forma de realização da consulta e o paciente precisa estar seguro em relação a isso. Ele também deve entender os limites desse tipo de serviço e estar disposto a aceitá-lo mesmo assim.
Afinal, pode ser preciso outras abordagens para que o profissional consiga dar o parecer correto sobre o diagnóstico, o que inclui exames ou encaminhamento para o atendimento presencial.
Dessa forma, antes da consulta o paciente deve enviar o termo de consentimento assinado ao médico. O termo pode ser virtual e feito informalmente, desde que documentado junto ao prontuário.
Esse passo é necessário uma vez que as legislações brasileiras acerca do tema ainda não são específicas. Ele resguarda tanto o profissional quanto o paciente de futuros problemas jurídicos.
2) Documentação em prontuário
O atendimento remoto é uma prestação de serviço médico como qualquer outro. Assim, todos os protocolos de saúde devem ser adotados, levando em consideração as especificidades da modalidade.
Isso quer dizer que como nos atendimentos presenciais, nos atendimentos online, todo o ato médico deve ser apropriadamente documentado em prontuário.
Uma forma de otimizar esse processo é adquirir plataformas de telemedicina que já são integradas ao prontuário eletrônico. A vantagem disso é que no mesmo sistema onde o médico vai realizar a consulta, ele também vai anotar as informações do paciente.
Isso é particularmente proficiente nos casos em que o profissional está atendendo fora do consultório, como em viagem ou mesmo em casa. Nessas situações o profissional garante que todos os dados da consulta serão devidamente documentados, sem pôr em risco o sigilo e a confidencialidade das informações.
3) Encaminhamento adequado
A falta do exame físico nem sempre é um obstáculo para que a orientação médica seja eficaz e confiável. No entanto, haverá casos que o diagnóstico não poderá ser concluído sem a análise física do paciente em questão.
Nas situações em que apenas a anamnese e exames laboratoriais não forem aptos para indicação do tratamento, os profissionais sempre devem encaminhar a pessoa, tão logo, ao atendimento presencial em uma unidade de saúde.
Isso mantém a relação de confiança necessária para prestar esse tipo de atendimento e ainda garante que a consulta siga todos os preceitos éticos inerentes da profissão.
4) Atenção às normas
Diferentes de outros países como China e Estados Unidos, o Brasil só deu consentimento à utilização da telemedicina para fins de consulta e orientação neste ano.
Até então, o conselho Federal de Medicina não autorizava essa modalidade de atendimento médico. As legislações em vigor, portanto, espelham essa falta de reconhecimento do órgão regulador da profissão.
Até a lei excepcional que aprova o atendimento médico virtual durante a COVI-19, a telemedicina era normatizada por uma regulamentação do ano de 2002. Em 2018 houve uma nova tentativa de renormatizar o serviço, porém não houve avanços significativos na área.
Devido ao caráter de exceção da lei que está permitindo o teleatendimento, é provável que novas discussões surgiram após o combate à pandemia.
É essencial que o profissional esteja atento às mudanças legais e acate as orientações do Conselho Federal de Medicina para evitar processos éticos e jurisdicionais.
5) Qualidade do atendimento
Manter a mesma qualidade do atendimento presencial pode ser um desafio a quem ainda está se adaptando às consultas virtuais. Mas para preservar a relação de confiança com os antigos e novos pacientes, é importante que o profissional seja meticuloso não só com a técnica, mas também com a atenção dada ao paciente nesse momento de acolhimento.
É essencial ter uma abordagem mais humanizada, já que a consulta é à distância. Ouvir calmamente o paciente e explicar com paciência todas as suas questões podem amenizar o impacto de estar de frente a uma tela. A boa comunicação aqui se torna ainda mais indispensável.
Outra maneira de assegurar o bom atendimento é por meio das avaliações de qualidade. Os melhores softwares médicos, além de integrar a telemedicina ao prontuário eletrônico, ainda disponibilizam ferramentas de NPS.
O Net Promoter Score é uma métrica de lealdade que indica o quanto o paciente ficou satisfeito com o atendimento recebido.
O fluxo pode ser automatizado e a pessoa recebe a avaliação por e-mail assim que a consulta por telemedicina se encerrar. Com os resultados em mãos, é possível traçar estratégias para melhorar o índice cada vez mais e garantir a qualidade dos seus atendimentos.
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