O CID é a sigla do que chamamos de Classificação Internacional de Doenças. Nesse artigo, você vai entender a importância do mesmo na área de saúde, bem como vai saber exatamente as melhores formas de consultá-lo.
A classificação do CID tem várias funções na saúde. Ao longo dos anos, ela tem sido a base para cruzamento de dados de tratamentos e custos com doenças, gerando mais informações gerenciais sobre o que acontece com os pacientes.
A classificação DRG (grupos relacionados de diagnósticos) tem se mostrado como uma evolução no quesito gerencial, uma vez que deu um passo maior no grupamento dos CIDs em relação aos custos. Como o CID é uma organização por doenças, um CID 50.1 e um 50.2 podem gerar tratamentos com custos completamente diferentes. De uma forma um pouco mais complexa, essa é a lógica por trás do DRG.
No entanto, CID ainda permanece como ferramenta fundamental de balizamento em vários métodos. No consultório, no entanto, tem pouca utilidade prática. Seu uso costuma se restringir ao preenchimento de atestados ou solicitações de exames de alto custo, em algumas operadoras, que exigem o dado (legal?).
Mas você deve estar se perguntando: por que um Blog sobre Negócios, Marketing e Relacionamento com Pacientes está falando sobre CID?
Em um levantamento que fizemos com dezenas de especialistas que atendem em consultórios, de várias especialidades, chegamos à conclusão de que o aparecimento de CIDs em um consultório segue bem a lei de Paretto: mais de 80% dos atendimentos de um consultório se concentram em 20% dos CIDs comuns daquela especialidade.
Isso dá uma grande oportunidade para aqueles que querem implementar processos que vão fazer com que a experiência do paciente seja ainda mais fantástica na clínica. Pense só: se temos que 5 diagnósticos são muito frequentes e acabam tendo uma altíssima representatividade na amostragem de todos os pacientes do consultório, se você cria fluxos de automação específicos para essas condições, vai oferecer uma experiência muito fora da curva para 80% dos seus pacientes.
Estou falando de programar o iMedicina, por exemplo, para enviar sequências altamente personalizadas para seus pacientes que possuem as principais doenças que você atende no seu consultório. Veja o caso de uma sequência para diabéticos:
Nessa sequência, o software está programado para disparar um e-mail com informações no primeiro dia depois da consulta, um segundo e-mail 2 dias após o primeiro com informações sobre o diagnóstico, e um terceiro e-mail, 1 semana depois, com informações sobre os exames.
Nesse caso, o gatilho para disparar esse fluxo é inserir a Tag #diabetes no prontuário, em qualquer lugar. Veja só:
O simples fato de inserir a #diabetes no prontuário dispara a sequência de e-mails cadastrado! Muito bacana, né? Para testar gratuitamente essa ferramenta, crie seu conta e veja na prática como funciona! Clique aqui.
Bem… voltando ao CID. Conhecer a tabela e a sua organização é um bom ponto de partida para descobrir os 20% das doenças responsáveis pelos 80% dos atendimentos no seu consultório. Aliás, esse é um ótimo ponto: insira as tags #CID50.1 (coloque o número das doenças em questão) no prontuário do iMedicina para colher estatísticas de quais são as doenças mais frequentes no seu consultório.
Especialistas da saúde de todos os âmbitos precisam ter conhecimento dos dados completos disponíveis sobre qualquer enfermidade. Das doenças mais comuns até as mais graves, os médicos e auxiliares da equipe médica devem ter noções de como esses problemas afetam a população, assim como suas origens, métodos de tratamento e técnicas de prevenção. Nesse contexto, a CID é uma fonte fundamental que agrega todas essas informações importantes.
Com o passar dos anos, muitas patologias são descobertas e as suas características precisam ser registradas. Para que se tenha um total preparo na abordagem desses males, é imprescindível que você, como médico, saiba detectá-las. É claro que a falta de conhecimento minucioso nesse aspecto gera o gravíssimo risco de lançar mão de diagnósticos e métodos de tratamento equivocados e suas possíveis (e sérias) consequências.
Por outro lado, o volume e nível de detalhamento desses dados de saúde, como se pode imaginar, é enorme. Com a impossibilidade de ter todo esse conteúdo em mente, uma estratégia sistemática de listagem de doenças e suas particularidades se faz necessária. Nesse ponto, entra em cena uma tabela importantíssima para um atendimento médico comprometido e de qualidade: a referida CID, mais conhecida como CID-10.
CID: comunicação, registro e precisão no segmento da saúde
Criada e publicada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a CID é a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Advinda da sigla inglesa International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems (IDC), trata-se de uma tabela ou catálogo que objetiva codificar as doenças de forma padronizada.
Em outras palavras, a CID traz a classificação de todas as doenças oficialmente reconhecidas pela ciência. Cada uma delas está acompanhada de seus aspectos anormais, sinais, sintomas, causas externas para feridas ou doenças, circunstâncias sociais e queixas.
Uma das mais importantes informações no setor da saúde refere-se às estatísticas de causas de morte e morbidade. É necessário analisar a frequência de doenças na população. Sendo assim, desenvolveu-se um instrumento que agrupa e classifica esses critérios, sendo a primeira classificação aprovada em 1893. Os dados são publicados juntamente a uma revista. A atual está caracterizada como décima edição e foi lançada em 1993. Por esse motivo, o catálogo é atualmente denominado de “CID-10”. A revista contém o processamento, classificação das doenças e apresentação do tipo de estatísticas.
O agrupamento de todos esses dados em uma plataforma única possibilita a padronização da nomenclatura das enfermidades, propiciando uma melhor interação entre os profissionais da saúde e minimizando os ruídos de comunicação. Dessa forma, são evitadas, por exemplo, as ambiguidades, que podem acabar se tornando prejudiciais ao paciente e afetando sua reabilitação.
Além de melhorar a comunicação entre médicos e profissionais da saúde, a CID também promove um diálogo mais claro e facilitado com instituições governamentais de interesse da área, tais como a Previdência Social (que apoia pacientes de determinadas enfermidades, caso do auxílio-doença).
Ao integrar os detalhes de cada patologia, a Classificação contribui para que as informações sobre determinado problema sejam comparadas em diferentes regiões sem que haja divergências ou interpretações equivocadas. A CID também pode ser útil para buscar dados de diagnósticos, bem como classificar índices de mortalidade referentes às doenças.
Como as doenças estão organizadas na Classificação?
Há uma categoria específica para cada estado de saúde. A OMS institui um cronograma de atualização periódica da CID-10 no qual são revisados erros, alterados códigos e incluídas novas patologias. Atualmente, são 22 capítulos (5 a mais do que a CID-9).
Ao contrário das outras edições, que contavam com 2 volumes, a CID-10 está organizada em 3 volumes. O primeiro volume contém a classificação propriamente dita, também chamada de “lista tabular”. Essa lista é composta por categorias ou códigos de 3 caracteres (sendo uma letra e dois algarismos) e subcategorias (quando é acrescido um outro número à categoria, tem-se os três caracteres iniciais, um ponto e um outro número).
O volume 1 abrange ainda a Morfologia das Neoplasias (CID-O), Listas Especiais para Tabulações, Definições e Regulamento da Nomenclatura. Por sua vez, o volume 2 apresenta as regras, orientações, guias e informações similares para os usuários da classificação, além de definições relacionadas a mortalidade fetal, perinetal, neonatal, infantil e materna.
O volume 3, enfim, consiste no índice alfabético da CID, incluindo 3 seções: na primeira, está o Índice Alfabético de Doenças e Natureza da Lesão, o Índice Alfabético de Causas Externas da Lesão e a Tabela de Drogas e Compostos Químicos.
E a CID-11?
Atualmente, a CID-10 está em fase de atualização pela OMS. A décima edição da Classificação é baseada em conhecimentos médicos dos anos 1980, e a CID-11 se encontra em debate desde 2009.
O conteúdo da tabela é discutido em conferência internacional para a devida revisão dos países, e os resultados de testes, apontamentos e outros aperfeiçoamentos devem acarretar na liberação da CID-11 em 2018, ano previsto para sua implementação.
Como consultar a tabela completa da CID?
Há diferentes alternativas para acessar as informações da CID-10. Confira:
Portal da OMS
Você pode conferir a lista completa no site da OMS. No portal, há todas as informações disponíveis, desde o registro histórico das categorias, a lista completa das doenças e a forma de detectá-las, notícias sobre alterações realizadas pela entidade e outras implementações relacionadas ao CID-10.
Além disso, se o profissional tiver alguma dúvida relacionada ao processo de codificação e como trabalhar com o auxílio da Classificação, o site da Organização Mundial da Saúde oferece um manual contendo importantes instruções e ferramentas que servem de apoio aos médicos e especialistas na adoção da CID-10 em seus serviços. O manual possui três volumes.
Se for preciso fazer alguma revisão sobre alguma classificação, o site também disponibiliza uma plataforma capaz de detectar possíveis erros e informar ao órgão, que providenciará as correções. É importante lembrar que todos os recursos e conteúdos acima estão à disposição somente em inglês, no caso do site oficial da OMS.
DATASUS
Para quem não possui conhecimento em inglês ou deseja consultar as informações em português, um outro recurso à disposição é o site do DATASUS. O DATASUS é o nome do departamento de informática do Sistema Único de Saúde, o SUS. Nele, estão arquivados todos os dados relacionados à saúde no Brasil, direcionados tanto para profissionais da área médica quanto para a própria população brasileira.
No site do DATASUS, há três opções de consulta. A primeira pode ser feita em um navegador da Internet. O formato da listagem completa é HTML, por isso utilize um navegador que tenha recursos Java e JavaScript.
As outras duas opções disponibilizam a consulta através da instalação de um software, que oferece a busca de duas formas: por termos ou no formato “Ajuda” do Windows. Nesses dois apoios, o software auxilia o médico a identificar a doença e a assemelhá-la com outra doença parecida. Ou seja, na procura de uma doença e suas características, o sistema permite ao profissional estar ciente de outra patologia similar, caso venha a detectá-la em algum paciente.
Fontes alternativas para consulta
Outras fontes acessíveis para consulta do CID-10 são sites do segmento da Medicina (como o do Conselho Federal de Medicina) e especializados em medicamentos. Contudo, nem sempre esses sites possuem uma classificação atualizada das doenças com seus códigos devidamente estabelecidos. É bom ter cuidado na hora de analisá-los e usá-los como referência.
Geralmente, os locais mais adequados para consulta (à parte as páginas online do DATASUS e da OMS) são os sites governamentais. O portal da Previdência Social, por exemplo, que utiliza a tabela da CID-10 para ajudar previdenciários com auxílio-doença, fornece a listagem completa.
CID no atestado médico: como funciona?
O médico só pode informar o diagnóstico do indivíduo (através ou não de codificação da CID) no atestado médico mediante a autorização do paciente. Este pode escolher omitir a informação para evitar eventuais situações de discriminação ou constrangimento. Afinal, é dever do profissional de saúde manter sigilo relativo a dados de saúde.
Em outras palavras, o médico pode expor dados da CID desde que seja de consentimento do paciente ou haja ordem judicial. Assim, as empresas devem aceitar atestados médicos dos seus funcionários sem especificação da enfermidade. Se houver dúvida da veracidade do documento, a justiça pode ser acionada.
Utilização estatística da CID
Além dos benefícios já citados, a padronização trazida pela CID também favorece a realização de pesquisas e levantamentos de saúde, uma vez que facilita a identificação de patologias. Assim, investigar a incidência de determinado problema em um local ou grupo de indivíduos específicos, por exemplo (ou calcular a taxa de mortalidade em certas condições), se torna uma ação muito mais simples e precisa com o auxílio da Classificação Internacional.
Vale ressaltar que esse trabalho estatístico é extremamente relevante para a disseminação de boas práticas de saúde e a prevenção de endemias e epidemias, além de desempenhar um papel crucial ao incentivar medidas educativas e de combate a doenças com mais incidência (como é o caso da dengue e da febre amarela no Brasil, especialmente no período de chuvas).
CID, guias médicas e reembolso
O sigilo usual da relação médico-paciente também entra em cena quando falamos das guias médicas e dos procedimentos de reembolso. Assim como no caso do atestado, o diagnóstico do paciente não pode ser mencionado nesses documentos, fato que é determinado por resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Os convênios médicos, dessa forma, não podem exigir que a CID seja mencionada em guias de procedimentos diversos em em protocolos de reembolso.
Por fim, vale a pena destacar que a manutenção da atualidade e a classificação das enfermidades é uma tarefa extremamente necessária. A CID, nesse sentido, segue os princípios de manter uma linguagem universal para clínicos e administradores, estar receptiva a novos casos de enfermidades e atualizar os novos conhecimentos sobre as doenças já conhecidas, bem como as novas tecnologias e procedimentos cirúrgicos.
A ciência tem como dever evitar as doenças, prolongar a vida do indivíduo e promover o acesso à saúde. Para isso, no entanto, é fundamental conhecer quais são os problemas de saúde que a sociedade enfrenta, quais são os tipos de doenças existentes e como elas se distribuem na sociedade. Assim, classificá-las e implementar nomenclaturas padronizadas permite mais conhecimento e mais precisão na comunicação e no diagnóstico.
O importante, afinal, é se manter constantemente atualizado em relação às informações revisadas e catalogadas na listagem. Elas são o norte para as suas avaliações médicas. Use-as sempre! Como a compilação desses dados é revista periodicamente, é sempre bom estar de olho em cada detalhe para que seja mais fácil notar as possíveis mudanças ocorridas. Fazer um acompanhamento dedicado da tabela CID é essencial para a oferta de um atendimento médico de excelência!
E então, gostou do conteúdo? A pesquisa e utilização dos dados da CID é frequente na sua rotina? Acompanhe nosso blog para artigos similares e compartilhe sua experiência com a gente nos comentários!