O Programa Mais Médicos foi uma iniciativa desenvolvida pelo Governo Federal com o objetivo de aprimorar o atendimento do Sistema Único da Saúde (SUS) no Brasil. Para tanto, viu-se a necessidade de colocar profissionais da saúde em localidades onde existe uma ausência ou escassez desse serviço. A partir de um número maior de Unidades Básicas de Saúde (UBS), buscou-se então assegurar um atendimento mais humanizado e competente à população.
O propósito do Mais Médicos
Com a bolsa oferecida pelo Mais Médicos, o governo pretende despertar o interesse de estudantes recém-formados em atuar fora dos grandes centros. Especialmente nas regiões mais pobres e dependentes do SUS, fica clara a carência de médicos de todas as especialidades.
Sendo assim, observa-se taxas de mortalidade maiores nesses locais. Tem-se ainda uma incidência significativa de doenças que seriam facilmente tratáveis por um bom profissional. Em adição, os hospitais das capitais acabam ficando sobrecarregados de pacientes que precisam vir do interior para receber atendimento. Ainda que tenha obtido alguns índices positivos, ainda há muito que melhorar no programa Mais Médicos. Entenda a seguir quais são as falhas centrais da proposta.
As principais limitações ao programa Mais Médicos
No entanto, o Mais Médicos está longe de ser um consenso entre os especialistas. Não há dúvidas de que o programa não representa a saída para os desafios da saúde brasileira. A medicina não pode ser realizada com qualidade sem uma infraestrutura adequada, com recursos materiais e humanos.
Ou seja, é preciso qualificar os profissionais constantemente e garantir acesso a bons equipamentos. Sem investimentos em hospitais, acesso a diversos exames e possibilidade de transporte para emergência e urgência, o Mais Médicos não consegue cumprir sua finalidade.
Outra grande crítica ao modelo está direcionada à contratação de médicos vindos de outros países. Sobretudo, os profissionais brasileiros questionam a vida de especialistas cubanos sem a necessidade do Revalida. Esse exame nacional valida o diploma de medicina estrangeiro e tem como função de avaliar a competência dos estudantes formados por instituições do exterior.
Como a prova, oficializada em 2011, não é obrigatória para o programa Mais Médicos, falta um controle mais rígido da capacitação dos participantes internacionais. Portanto, quando não existe interesse de médicos brasileiros em preencher certas vagas, esses profissionais vindos de fora podem ser chamados sem a revalidação do diploma.
Pela forma que o Mais Médicos foi concebido, o real problema é a não criação de raízes dos médicos estrangeiros aqui. A verdadeira integração se daria por meio de uma seleção mais rígida dos interessados. Além disso, o programa pode isentar os governos de alocarem orçamentos da saúde em várias frentes.
É imprescindível que os profissionais da área, sejam do Brasil ou do exterior, tenham condições dignas de trabalho para atender os pacientes. Não basta somente aumentar e redistribuir o contingente de médicos se não houver uma habilitação adequada e espaços bem preparados para a assistência dos cidadãos.
Qualquer discurso que defina o programa Mais Médicos como solução única para a saúde no país corre o risco de cair em um discurso demagógico e que ignora a complexidade do desafio.
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