Um projeto muito polêmico, mas que na prática trouxe muitos benefícios para a população, o Programa Mais Médicos com certeza dividiu profissionais e pacientes sobre os seus benefícios. Ainda assim, tanto tempo depois do seu lançamento, já é possível ter uma avaliação um pouco melhor dos seus pontos fortes e fracos. Com isso, o Mais Médicos foi um programa que veio em um momento necessário, mas que expõe mais fragilidades do sistema de saúde brasileiro.
Sem entrar nos pormenores, dá pra dizer que o Mais Médicos realmente diminuiu as filas de espera nos hospitais públicos. Porém, a qualidade dos atendimentos também ficou abaixo do que já era antes, ou seja, o que era ruim acabou piorando. Com isso, surgiu uma dúvida: como o Programa Mais Médicos poderia ser melhor utilizado? Para responder isso, primeiro precisamos entender seus pontos fracos.
Atendimento por contrato, mas quase um funcionário público
Não dá para negar que, para os médicos que entraram no programa, muitos benefícios surgiram. Entre os principais, estava a capacidade de entrar no programa sem se preocupar em ser mandado embora. Essa é a famosa lógica do funcionalismo público que reina no Brasil já há anos. A partir do momento em que a pessoa se sente acomodada, ela deixa de exercer seu trabalho com a mesma capacidade, com isso, os atendimentos perderam em qualidade e em muitos locais aconteceram diagnósticos equivocados.
Nessa conta, era preciso entrar não apenas o maior número de atendimentos no menor prazo de tempo, já que a essência do trabalho de um médico não está ligado a um atendimento rápido, mas sim a um atendimento competente. Dessa forma, o mais médicos expôs a população a diversos profissionais – estrangeiros ou não – que no começo até tinham boas intenções, mas ao perceber como as coisas funcionam, deixaram de lado o bom atendimento em troca do atendimento rápido.
Os problemas logísticos do Mais Médicos
Existe um problema ainda mais grave nos médicos que atendem pelo programa: a possibilidade de burlar a necessidade de certificação para se inscrever no programa. Embora a burocracia brasileira seja bem rígida e abrangente, a verdade é que ela sempre tem pontos cegos.
No caso do Programa Mais Médicos, apesar de precisar de vários requisitos para se inscrever, não há um protocolo fiel de atualização dos conteúdos do profissional. Com isso, vemos milhares de profissionais atendendo à população, mas sem a revalidação de seus diplomas, ou seja, sem autorização de atuar.
Além disso, como o Programa tem o objetivo principal de expandir a rede de médicos para locais que não tinham atendimento ou tinham atendimento de péssima qualidade, acaba que algumas regiões do Brasil têm médicos, mas não supervisão para eles. Dessa forma, milhares de profissionais atuam de maneira fora dos padrões, como melhor lhes convém, já que não há nenhum tipo de certificação acontecendo. Sem supervisão, alguns médicos continuam executando bem o seu serviço, mas nem todos têm a mesma intenção.
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